Errata

 

Leitores, estou agora ratificando uma afirmação que fiz na minha crítica sobre “Cidade dos Sonhos”. Lá, falei que meu vínculo com o filme seria curto, pois ele era desagradável e bastava assití-lo uma única vez, e não querer nem mais lembrar dele. MENTIRA! Tenho que admitir que, desde a vez que eu o assistir, há uns 3 meses atrás, não consigo parar de pensar nele. É mágico. Nem sei se na próxima vez que eu for assistir eu irei gostar mais, mas só o fato de não tirá-lo da minha cabeça, já é algo que conta positivamente. Estou conseguindo aos poucos, observar sua vastas qualidades.
Por isso, estou me corrigindo.
De (7/10), para (8/10).
–> Já é um bom começo né?

A Volta

Caros leitores, como podem ter percebido (ou não), dei um tempo para o meu blog devido ao fato da minha submissão à tecnologia, agregada a situação de problemas técnicos pessoais. Pois bem, tudo indica que isso está prestes a mudar.

Para quebrar esse jejum postei duas críticas para os filmes Kill Bill 1 e Kill Bill 2, que constituem a franquia cinematográfica que mais gosto, e espero que elas os incentivem a assistir/comentar os filmes. Tem vários filmes sendo lançados agora nos cinemas e tentarei acompanhar esses lançamentos e postar minhas impressões aqui no blog, assim como eu fiz com “Cloverfield”, “Sweeney Todd”, “Sangue Negro”, e por aí vai.

Já já vêm chegando “Homem de Ferro”, “Á Prova de Morte” (que aliás já conferi, e é muito bom por sinal), “O Incrível Hulk”, “Wall-e”, e muitos outros. Fiquem atentos para as postagens. Se quiserem um acompanhamento mais aprofundado, visitem http://www.cinemacomrapadura.com.br/ , que sou um dos colaboradores de conteúdos para o site, e lá, certamente vocês irão descobrir tudo e mais um pouco sobre cinema.

Até.

Kill Bill vol. 2 (2004)

“One more thing, Sofie… is she aware her daughter is still alive?”
Quando falo sobre “Kill Bill”, sem dúvida alguma, me posiciono como um apaixonado. Um amante inalienável que quando tece algum comentário sobre a obra-prima máxima de Tarantino, redige as palavras com amor, com respeito e acima de tudo com idolatria. Mesmo anos atrás, quando tinha pouca noção cinematográfica, algo me atraiu e me rendi ao charme e qualidade do longa; tempos se passam e a admiração tende a aumentar cada vez mais, quando se descobre que é muito mais do que se pensa, afinal, isso é Tarantino. Transcende o patamar das palavras, a forma como sou grato a Quentin Tarantino Por trazer a vida um dos filmes mais simples e mais complexo, mais imoral e mais ético, e mais irreal e realista ao mesmo tempo. Dois capítulos tão díspares, e ao mesmo tempo tão conjugados.
“That woman deserves her revenge. And we deserve to die”
Pouquíssimos filmes conseguem ter uma seqüência melhor ou igual ao original; e nunca será possível afirmar isso em relação ao segundo filme da saga da noiva, até porque em suma, ambos são um filme só. Mas, se me perguntarem qual o melhor, eu direi talvez que foi Kill Bill vol.1, seja por uma extravagância única, ou por uma estética maravilhosa, uma história legal, um roteiro corajoso e inteligente, e uma direção inalienável, eu me identifiquei mais com o primeiro filme. Mas o que acontece com o segundo, é que ele é muito diferente do que qualquer pessoa poderia imaginar, e no caso, quem esperava os litros de sangue derramados que vimos no primeiro capítulo, pode se decepcionar; entretanto, quando observamos ambos os filmes como um todo, ele explora numa medida equilibrada os quesitos história/ação, sendo que são mais explorados no vol.2 e vol. 1 respectivamente.
Somente por está prestigiando uma obra do mestre Tarantino, tudo o que vier, é lucro. Kill Bill vol.2 é maravilhoso e desagradável. Maravilhoso, por conseguir dar prosseguimento de uma forma ímpar a história enigmática de Beatrix; desagradável, por ser o fim de uma das melhores histórias já apresentadas no mundo cinematográfico. Esse segundo capítulo dá uma profundidade até então inesperada na história, e mostra que Kill Bill vai muito além de lutas baratas e um diretor maluco. É muito triste ter que observar os créditos subindo, e ficar impotente perante aquilo. É como ler um bom livro; aquele que não se tem vontade que termine, e é triste ter que fechá-lo. Mas quando gostamos mesmo, vamos o tempo todo bisbilhotá-lo e redescobrir a magia dos personagens. Literalmente o DVD foi uma criação divina, pois em filmes como esse podemos fazer o mesmo.
“You and I, have unfinished business!”
Nesse segundo filme, a Noiva ou Beatrix Kiddo (Uma Thurman) têm que execultar Budd (Michael Madsen), Elle Driver (Daryl Hannah) e por último Bill (David Carrodine) que foram os únicos que sobraram em sua “lista de morte”, já sendo assim exterminados os dois primeiros nomes de sua lista. O motivo: Ambos fizeram uma armadilha para ela no dia do seu ensaio de casamento, e a massacraram e a todos que estavam com ela, então quando acorda após de cinco anos em coma, ela busca por vingança e faz todos que a traíram pagarem por isso.
Foi tudo cuidadosamente pensado, na hora de conduzir e criar essa maravilhosa história, que expande o universo do primeiro filme, e o completa de forma digna e singular. Apesar de ambientados e idealizados de forma bem diferente, os filme se assemelham muito, e criam uma perfeita combinação, o necessário e o agradável, e nos conduz para a atmosfera presente no filme e cada personalidade existente nele.
As atuações são muito dignas, salientando a atuação de Uma Thurman, que mais uma vez foi louvável (que inclusive foi para a pré-seleção do Oscar, juntamente com a David Carradine), e todo o elenco se sai muito bem, todos muito certos do que estão fazendo, e destacando cada característica de seus complexos personagens.O mundo que Tarantino criou, é sublime e a filosofia, o drama e o sentimento, são sempre ressaltados, em cada ação ou cada acontecimento existente. Inclusive, bisbilhotando algumas informações sobre o filme, descobri que, juntamente com o volume um, os dois filmes acumulam uma quantidade de indicações e arrecadações de prêmios, onde somados, o resultado dá algo próximo da sutil casa da centena; isso não é para todo mundo, não é mesmo?
Um dos pontos positivos desse filme foi o realismo que ao contrario da massiva onda de filme Hollyoodianos ele não usa CGI ou qualquer uma dessas técnicas de efeitos especiais, e tudo no filme segue essa linha, tornando-o mais violento e digno; bom para nós, ruim para os dublês. Aliás, Zoe Bell, dublê de Uma, deve estar cheia de hematomas, e como disse ela mesma, alguns ossos foram quebrados; contudo, parece que o esforço foi recompensado. A fotografia do filme é esplêndida, à là Kubrick, com um contraste das cores que chamam muito a atenção, deixando um clima ideal para completar cada momento ou cada sentimento vivido. Mais uma vez as cenas em preto-e-branco dão um show à parte e se tornam as mais belas possíveis.
“She must suffer, to her last breath”
O roteiro dessa vez pendeu mais para o lado dos diálogos, e embates psicológicos, e literalmente não podia ter feito coisa melhor. São perfeitos os diálogos de uma grandiosidade intelectual inquestionável, que preza também pelo estudo mais aprofundado da mente do ser humano e de pessoas violentas que, aliás, nisso Tarantino já é escolado, vide o mega-cultuado “Pulp Fiction: Tempos de Violência”, em minha opinião o terceiro melhor filme de Tarantino, perdendo apenas para os dois volumes de Kill Bill. Essa combinação entre as lutas e história do primeiro filme, e a carga emocional do segundo completam-se com uma harmonia indescritível. Tarantino cuidou muito bem desse quesito, e assegurou que as más línguas fossem mordidas pelos alienados seres que o acusaram da “perda de criatividade”. Os momentos onde as falas são essenciais são inúmeros, e temos prazer em acompanhar e gravar cada uma delas; a conversa entre Uma e Bill (esse último visivelmente o alterego do diretor) , seja na igreja ou na casa dele, são extremamente bem estruturadas e mostram a real profundidade da relação entre seus personagens; destaque para a genial sacada da conversa do Superman. Ele também capricha em Elle Driver e em Budd, fazendo com que suas marcas sejam deixadas, e com muita classe (ou com a total falta dela) respectivamente.
Tarantino tentou nesses dois filmes outro ponto louvável, que é a incrível fusão de cultura, japonesa, do velho oeste, oriental e ocidental, tudo de forma mais americanizada mais acessível ao público-alvo, com diversas homenagens a diversos pontos que ele admirava em produções do passado. Aliás, o que falar sobre Tarantino. Ele é o motivo dessa obra ter uma qualidade tão notável. Literalmente nenhum diretor teria a capacidade de dirigir Kill Bill, e obter um produto final de tamanho destaque. Ele consegue por diversos momentos transformar simples movimentos e ações, em poesia; e não é isso que o cinema é na verdade? E são inúmeros os exemplos, como na cena da igreja onde ocorre o verdadeiro reencontro entre os dois; aqueles passos vagarosos e medrosos que vão sendo acompanhados até onde eles de fato se cruzam; ou na cena em que Beatrix sai do quarto da filha que acabou de reencontrar com receio que não a veja mais, ao som de “About Her” de Malcolm Mclaren, onde toda a cena está no ritmo da canção. Talvez perfeito não seja suficiente para classificá-las.
A trilha sonora é muito boa, mas não tão divertida como a do filme anterior, porém elas se adéquam perfeitamente ao clima existente nos filme e dá profundidade emocional das situações e sentimentos vividos. Alguns sons apresentados podem até incomodar, mas se ofuscam em meio aos diversos bons momentos presentes nos filmes. Mas podemos observar o importante dedo de Ennio Morricone na trilha, o que de longe, é uma honra e tanto.Em fim… Tarantino conseguiu de novo, e nos apresentou mais uma obra de arte de grande porte. Aquele tipo de filme que é tão perfeito que soa bem até para um ignorante; mas que presa pelo público que aprecia um cinema alternativo e que almeja por inovações e abusos, que somente cineastas tão capacitados como ele, pode fazer. Um filme que teve uma grande repercussão, e que sempre será inesquecível. Juntamente com o vol.1 formam o melhor filme de Tarantino e um dos melhores da humanidade, e justifica-se.
“The lioness has rejoined her cub. And all is right in the jungle.”
Cotação: (10/10) \o/

Kill Bill (2003)

Após uma surpreendente estréia como diretor do filme “Cães de Aluguel”, e após o marco na história do cinema que fez com “Pulp Fiction: Tempo de Violência”, um dos diretores mais importantes do cinema agora nos apresenta uma importantíssima obra, que mais uma vez dispensa todos os padrões convencionais do cinema; Ele ofusca diversos diretores de Hollywood, por sempre fazer obras alternativas, e fugindo ao “cinema enlatado” de Hollywood; E sempre, literalmente sempre, eles dão certo. A película em questão denomina-se “Kill Bill”, que sem dúvida é um dos mais amplos, valiosos e significativos trabalhos da filmografia de peso que Quentin carrega consigo. É necessário salientar que o longa foi escrito e dirigido com maestria por Tarantino, que em ambos os aspectos se destaca.
Sempre ignorando o convencional, Quentin Tarantino nos oferece um entretenimento alternativo que descarta o “cinema enlatado” de Hollywood e tenta nos passar ao máximo, a essência de toda a idéia e intenção do projeto; Por tanto, não serão poupadas imagens sanguinárias, não será poupado o infalível e divertidíssimo humor-negro que Tarantino implanta em seus filmes, assim como falas marcantes, lutas sensacionais, belíssimos cenários e a fusão de diversas culturas e ícones num só lugar.
Pode ser até curioso, porém, a origem de “Kill Bill” é em partes geográfica. Tarantino passou sua juventude em South Bay (onde no seu filme anterior “Jackie Brown” mostra alguns encantos da região), e lá, havia “Grind Houses” (Curiosamente, o nome do seu próximo longa com Robert Rodriguez), que eram cinemas decadentes que exibiam filmes que retratavam o cotidiano dos negros que viviam em guetos nas grandes cidades dos E.U.A, e filmes de Kung Fu. O diretor comenta também que admirava as séries “ Kung Fu” que contava com David Carradine (o grande vilão desse filme) e “Shadow Warriors” com Sony Chiba, que também representa em Kill Bill o lendário Hattori Hanzo. A influência asiática também é fortíssima, pois diversos personagens que compunham outras obras japonesas, como “O monge das sobrancelhas brancas, ou simplesmente “Pai Mei” (que aparece no volume 2)” e também todos os demais citados como Hatorri Hanzo. Esses foram importantíssimos fatores para a posterior criação de Kill Bill.
A história fala sobre “A Noiva”, que após ser violentada e quase morta pelo seu ex-chefe/ex-amante Bill (David Carradine) juntamente com seus ex-colegas de trabalho, entra em um coma profundo de quatro anos e acorda sedenta de vingança por inclusive ter supostamente perdido o filho que estava esperando. Então, somos enviados a magnífica mente humana olhada através da esplêndida visão de Tarantino que descreve aos poucos cada personagem da trama e os encaixa da forma correta, fortalecendo assim a mesma.
Contando com ótimas atuações, vide a magnífica Uma Thurman que interpreta a inesquecível personagem, o filme se fortalece aos poucos e gradualmente ganha seu devido valor. Lucy Liu que interpreta a metade Japonesa, metade Inglesa, sino-Americana O-Ren Ishii, se mostra uma competente atriz e cria uma vilã muito efetiva e destemida que de certa forma sentimos falta na seqüência desse filme; Mas inquestionavelmente, Uma é realmente um dos maiores destaque do filme, e mostra uma competência extraordinária por ter estudado e aprendido tanto para interpretar a “super-heroína” Beatrix Kiddo.
Na parte técnica, a qualidade é visível e os importantes detalhes também. Algo que me obriga a comparar Tarantino com Stanley Kubrick é sobre o contraste e extravagância das cores em um ambiente; Foi visível em “2001” e em “Laranja Mecânica” que Kubrick gostava de cores fortes e cativantes, e Tarantino segue o mesmo caminho em Kill Bill por sempre exagerar (o que aqui funciona perfeitamente bem) nas cores e tons. Os efeitos sonoros são bons, e as lutas são maravilhosas e bem coreografadas; O seu nível de realidade (se Tarantino não quisesse extravagar tanto) é muito bom. Contamos também com uma ótima edição e transposição de outras culturas com tudo que temos direito (desde lendas a armas). O atrevido e alternativo roteiro também têm seu espaço garantido, e permite a nós uma intimidade enorme com o longa.
Outra coisa que se faz necessário comentar, é que este filme ou se odeia, ou se ama. Quem consegue ultrapassar os limites medianos imposto por diversas obras Hollywoodianas (obvio que existem diversas exceções), e curte o cinema alternativo com coisas extravagantes e muito diferentes, vai curtir Kill Bill. Quem não gosta vai odiá-lo até o fim de seus dias, achar antiquado e mentiroso demais. Outro detalhe que fortalece muito esse fato e justifica tudo isso, são as inúmeras homenagens que Tarantino faz a seus ícones, e põe no filme cortes abruptos, imagem preto e branco, lendas Japonesas, animações Japonesas e muitas coisas que algumas pessoas simplesmente não admiram e não concedem a devida importância.
A trilha sonora do filme é totalmente fora do comum, seguindo assim o ritmo do filme, mas embala com deslocadas canções e conseguem empolgar e distrair. Aliás, Tarantino revelou que em diversas cenas do filme ele escolheu as músicas antes mesmo de escrever os roteiros; Podemos notar na trilha uma parte de Luis Bacalov que é usada na cena em anime na morte do pai de O-Ren; Da Twisted Neve que é usada na cena do hospital; Battles without honor or humanity, que é usada na gradual entrada de O-ren e sua gangue; E no geral, diversas músicas dos anos 70. Podemos observar também, a perfeita fotografia, explorando bem os deslumbrantes cenários (como na luta de O-Ren e Beatrix embalada com uma ótima e adequada canção), ou na luta dela com os 88 loucos, fazendo assim um filme visivelmente impecável.
A direção de Quentin é extremamente precisa e transforma em imagens seqüenciais, toda a idéia e história pertencente á ele, e particularmente são admirável diretores que escrevem suas próprias obras e conseguem transformar aquele pensamento em realidade; E é visível que Tarantino realizou essa obra exclusivamente com fins pessoais, para conquistar a sua meta de realização, pois como já foi dito, Quentin não é de maneira alguma um diretor que preza pela publicidade, mas sim pela qualidade de suas obras; Talvez essa seja a fórmula do seu repentino sucesso.
E como já foi dito diversas vezes, esse é um dos melhores filmes de Quentin e um dos mais destacáveis já feitos. Depois de uma grande experiência armazenada, Quentin utiliza-se de todo o seu poder de “fazer cinema” e capta e transmite perfeitamente as emoções e profundidade de cada cena, fazendo de cada frame simplesmente perfeitos e únicos. É um tipo de quebra-cabeças que temos prazer em montar, e representa um dos bons sentidos da sétima arte. Um feito mais que considerável. Indispensável para quem gosta de cinema. Um entretenimento alternativo. Uma obra única e dificilmente esquecível; A transposição perfeita de diversos significados para a sétima arte.
Cotação: (10/10) \o/